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Frieza

 

֍ Baseado em relatos reais de cliente após ter recebido o seu Projeto de Vida Pessoal e ter relatado essas questões.

 

É notável e surpreendente como o ser humano utiliza o seu livre arbítrio.

A palavra livre denota sem limites, sem fronteiras, sem barreiras.

E é, exatamente assim, que o ser humano utiliza o seu livre arbítrio.

 

É possível que uma pessoa seja indiferente a dor alheia?

É possível imaginar que uma pessoa não seja capaz de ajudar outra pessoa que está completamente em sofrimento?

 

Infelizmente, pelo uso ilimitado do livre arbítrio, é possível.

 

O relato do cliente que apresento a seguir marcou de maneira desconfortável a minha vida.

 

Que justiça é essa?

Há algum tempo, interpretei o mapa de uma senhora com o número 8 predominante em seu Mapa Numerológico.

Como não poderia deixar de ser, falei muito da importância da prática da justiça e da correção em sua vida.

No final da interpretação, quando tinha acabado de lhe transmitir as informações de seu mapa, ela me disse:

 

“Agora entendo.

Você falou tanto em Justiça. Meu marido vem me culpando pela atitude que tomei.

Minha filha de 16 anos é muito agitada. Não cumpre as regras da casa. Faz o que quer. Chega à hora que quer.

Eu, num certo dia, falei com ela:

“Ou você se adapta às normas da minha casa, ou você sai daqui”.

Ela fez que entendeu e continuou a desrespeitar as normas.

Arrumei as coisas dela. E quando, num belo dia, ela chegou, coloquei-a para fora de casa.

Não me preocupei com quem e onde ela iria morar.

Você não acha que isso é justiça?

Não é justo eu impor as regras?

Afinal a casa é minha e não dela.

Quando ela tiver a casa dela, poderá criar suas próprias regras de conduta.”

 

Nesses momentos, tenho a vontade de devolver o dinheiro para a pessoa, rasgar o mapa e esquecer que um dia a conheci.

Se existe alguma coisa que me deixa indignado é a pessoa que distorce os conceitos para utilizá-los em benefício próprio.

A ignorância é contornável.

A má intenção, deplorável.

Fiquei olhando para o rosto dela, cara a cara e disse-lhe:

– Segundo os conceitos da Numerologia Pitagórica quem tem o número é que tem de se preocupar com a sua prática.

Ou seja, a senhora tem 8, que é o número da Justiça. A senhora tem de ser justa, e não exigir dos outros a prática da justiça.

 

O que será mais justo?

A senhora impor a sua justiça, ou respeitar o direito dos outros de não cumprirem a justiça da qual a senhora se acha a portadora?

Não seria também justo respeitar o direito de escolha dos outros?

Afinal, volto a repetir, a senhora tem 8; justos têm de ser os seus procedimentos e atitudes, não os dos outros.

 

Sinceramente senhora não consigo visualizar um único resquício de justiça em sua atitude, mas sim de uma acentuada frieza.

 

Ela foi embora.

E comigo ficou a nítida certeza de ter perdido uma cliente.

Também, não faria nenhuma questão de tê-la como cliente.

 

Anos depois interpretei o mapa da filha expulsa.

No término da interpretação levantei a questão da violência praticada por sua mãe. E ela disse:

“Olha Roberto, há 4 anos que quase não falo com minha mãe.

Hoje também sou mãe de um garoto. E poderei errar com ele, mas jamais fecharei as portas da minha casa para ele, como fez minha mãe comigo.

Mas sabe o que é mais irônico?”

– Não, eu disse.

“É que minha mãe vive pedindo pra eu deixar meu filho com ela.

Engraçado, ela não me quis, mas quer o meu filho.”

 

Eu nada respondi.

Apenas pensei:

A vida informatizou o sistema de cobrança da lei de Causa e Efeito, tornando-o automático.

 

A senhora fria do 8 não buscou resposta para essa pergunta:

Até onde eu posso ir/caminhar na minha vida sem me prejudicar?

 

Roberto Numerólogo

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