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Que justiça é essa?

 

Há algum tempo, interpretei o Mapa de uma senhora com o número 8.

Como não poderia deixar de ser, falei muito da importância da prática da justiça e da correção em sua vida.

No final da interpretação, quando tinha acabado de lhe transmitir as informações de seu Mapa, ela me disse:

 

– Agora entendo. Você falou tanto em Justiça. Meu marido vem me culpando pela atitude que tomei.

Minha filha de 16 anos é muito agitada.

Não cumpre as regras da casa. Faz o que quer. Chega à hora que quer.

Eu, num certo dia, falei com ela:

“Ou você se adapta às normas da minha casa, ou você sai daqui”.

Ela fez que entendeu e continuou a desrespeitar as normas.

Arrumei as coisas dela. E quando, num belo dia, ela chegou, coloquei-a para fora de casa.

Não me preocupei com quem e onde ela iria morar.

 

Você não acha que isso é justiça?

Não é justo eu impor as regras?

Afinal a casa é minha e não dela.

Quando ela tiver a casa dela, poderá criar suas próprias regras de conduta.

 

Nesses momentos, tenho a vontade de devolver o dinheiro para a pessoa, rasgar o Mapa e esquecer que um dia a conheci.

Se existe alguma coisa que me deixa indignado é a pessoa que distorce os conceitos para utilizá-los em benefício próprio.

A ignorância é contornável.

A má intenção, deplorável.

Fiquei olhando para o rosto dela, cara a cara e disse-lhe:

 

– Segundo a Numerologia Pitagórica, quem tem o número 8 é que tem de se preocupar com a sua prática.

Ou seja, a senhora tem 8, que é o número da Justiça.

A senhora tem de ser justa, e não exigir dos outros a prática da justiça.

O que será mais justo?

A senhora impor a sua justiça, ou respeitar o direito dos outros de não cumprirem a justiça da qual a senhora se acha a portadora?

Não seria também justo respeitar o direito de escolha dos outros?

Afinal, volto a repetir, a senhora tem 8; justos têm de ser os seus procedimentos e atitudes, não os dos outros.

 

Sinceramente senhora não consigo visualizar um único resquício de justiça em sua atitude, mas sim de uma acentuada frieza.

 

Ela foi embora.

E comigo ficou a nítida certeza de ter perdido uma cliente.

Também, não faria nenhuma questão de tê-la como cliente.

 

Nota do Autor:

6 anos depois Interpretei o Mapa da filha expulsa.

No término da Interpretação levantei a questão da violência praticada por sua mãe. E ela disse:

 

– Olha Roberto, há 4 anos que quase não falo com minha mãe.

Hoje também sou mãe de um garoto.

E poderei errar com ele, mas jamais fecharei as portas da minha casa para ele, como fez minha mãe comigo.

Mas sabe o que é mais irônico?

 

– Não, eu disse.

 

– É que minha mãe vive pedindo pra eu deixar meu filho com ela.

Engraçado, ela não me quis, mas quer o meu filho.

 

Eu nada respondi.

Apenas pensei:

A vida informatizou o sistema de cobrança pela lei de Causa e Efeito, tornando-o automático.

 

Se algum dia você quiser que o mundo seja justo.

Seja você uma pessoa justa.

 

Autor: Roberto Numerólogo

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